segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

PRÉ-VALENTINE DAY'S




ESTAMOS COM FOME DE AMOR

   Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

    Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

    Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

    Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

    Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

   Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

   Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

   Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

    Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

   Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!    

*BELÍSSIMO TEXTO DE ARNALDO JABOR

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

OTELO, UMA HISTÓRIA DE CIÚME, INVEJA E TRAIÇÃO





       Otelo, um general mouro a serviço da República Veneza, casa-se com a bela Desdêmona. Nomeado governador de Chipre, indica o Tenente Cássio, primo de Desdêmona, para seu auxiliar principal. Desse modo, incita a inveja de Iago, que se julgava merecedor da promoção e por isso trama uma cruel vingança, insinuando a Otelo que sua mulher e Cássio o traíam.
      Muito se tem discutido acerca deste livro, os leitores mais entusiasmando têm condenado
Iago de forma veemente, mas ele seria realmente o único vilão da história?E a falta de amor-próprio que rondava o espírito do General?O ciúme que sentia pela esposa era fruto de um amor imensurável que nutria por ela, ou esse sentimento também relevava um pouco de insegurança por parte dele em virtude de sentir-se menor diante da presença dessa jovem encantadora?
     Desdêmona é apenas uma jovem frágil, delicada que foi envolvida num plano maléfico por parte de Iago, ou ela guarda dubiedade de caráter ao pactuar com Cássio um segredo sob os olhos e os ouvidos do marido?
     Quem seriam os culpados nessa história?Poderíamos destacar algum inocente?O fato é que essa narrativa atemporal nos conduz por caminhos nunca antes navegados: o da reflexão. Como agiríamos se estivéssemos no lugar de Otelo, que guardava a prova do crime? Por que Iago detinha tanta sorte? O que fazer com que essa “prova de amor” que atormenta a alma?EM CADA LEITURA UMA SENTENÇA.
   Os leitores enquanto juízes desse processo passional tomam resoluções diversas e motivadas pelos valores que guardam consigo. Alguns se compadecem com o desfecho de Desdêmona, moça tão bela e frágil, outros se identificam com o sofrimento e a “nobreza” de Otelo e a outra parte considera insignificante a pena a que Iago foi submetido.
    A recomendação da obra baseia-se entre outros aspectos na maestria com que Shakespeare conduz a ação dramática em seus textos, reside ainda no fato de que as angústias humanas sempre foram tema para debates intermináveis e contestáveis. Para os leitores iniciantes, essa recomendação é feita, sobretudo, pelo prazer inenarrável de se ter um bom livro em mãos.





Socorro Alencar