domingo, 10 de julho de 2011

A (im)pertinência do amor






Continuação...




   Num sábado em que Roberto a deixou sozinha, Ana foi convidada para ir a uma festa com uns amigos, chegando lá encontrou com Rômulo e embalada pela bebida e pela trilha sonora tentou se reaproximar de seu antigo amor, que magoado, optou por esnobá-la.

   A jovem voltou para casa com o gosto amargo da desilusão e com a certeza de que Rômulo fazia parte de um momento especial que havia ficado no passado.Encontrando-se com Roberto ela decidiu que esqueceria nos braços dele as recordações que esse encontro lhe propiciara.

   Ana e Rômulo trilharam caminhos compeltamente opostos, enquanto ela resilveu investir na carreira, ela insistia inultimente em esquecê-la nos braços de muitas outras em farras noturnas.Nesse período,Roberto e Ana solidificavam a relação que haviam construído.

   Após um semestre de ausência, Rômulo decide procurar pela amada , pois não havia conseguido esquecê-la mesmo tendo ficado com muitas mulheres.Agora era a vez de Ana esnobá-lo, menos por vingança, orgulho ou vaidade, mas porque agora estava plenamente realizada com Roberto que fazia com que ela desejasse ser alguém cada vez melhor.O tempo acomodara as dores , as mágoas e o amor do passado.

   As vidas de Ana e Rômulo foram sendo construídas e reconstruídas, ambos assumiram compromissos perante a sociedade e a Igreja e viveram suas perdas cotidianas com seus respectivos companheiros, ela com Roberto, que entrara na sua vida no momento em que o romance com Rômulo não ia muito bem, ele com Rita , mulata faceira , que guardava a mesma alegria que Ana nutria pela vida.Assim, ele encontrou além de abrigo, marcas de sua amada inesquecível.

   29 de dezembro de 2010, dez anos após o último encontro, ocasionalmente se esbarram num saguão de aeroporto, ambos com o vôo de destino marcado para a terra natal, onde seus cônjuges os aguardavam ansiosamente. Final de ano, caos nos aeroportos, vôos cancelados, parece que o destino conspirava para que houvesse um acerto de contas entre eles. Hora de falar as palavras que ficaram por serem ditas e quem sabe encerrar o sentimento que ficara pendente e que ambos imaginavam ter ficado num passado distante.

   Rômulo, receoso, tímido, convidou Ana para tomarem um café enquanto aguardavam novas informações sobre o possível vôo daquela noite. Ela, temerosa, resistiu dizendo que estava fatigada da longa viagem, mas ele reagiu afirmando que era apenas um café e que nada, além disso, poderia ocorrer. Os dois conversaram durante horas com a intimidade que guardavam de um passado distante, mostraram fotos dos filhos, falaram sobre seus trabalhos e trocaram telefones além de um abraço acalorado.

   6 horas depois os dois embarcavam separadamente para resgatar as vidas que os aguardavam tão logo o avião aterrissasse. No íntimo, Rômulo relembrava as explicações que Ana dera sobre o rompimento no passado e tinha cada vez mais a certeza de que poderia ter sido feliz se não fosse a imaturidade e o orgulho que imperavam na época.Ana, por sua vez pensava que se não fosse tão impulsiva e sonhadora poderia ter vivido uma belíssima história de amor com ele.O coração acelerava, o SE assombrava os pensamentos de ambos, que por mais que fossem felizes agora não conseguiam deixar de pensar no passado.

   O piloto anunciara que o pouso da aeronave aconteceria dentro de 15 minutos, os passageiros afivelaram os cintos e preparavam-se para encontrar ou reencontrar seu destino. Naquele momento, Ana e Rômulo afivelavam-se à vida que haviam escolhido quando optaram por tomar decisões, desembarcaram com a certeza de que precisavam seguir a diante, sem olhar para trás, afinal cada escolha implica numa renúncia e ambos haviam renunciado aquele amor que existiu no passado.

   Na bagagem, Ana e Rômulo traziam a lembrança daquele encontro inusitado, como fora a relação deles no passado, juntos com as fotografias da viagem ambos traziam a imagem de um amor que poderia ter sido, mas não foi.

Socorro Alencar

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