A espera é um encantamento: recebi a ordem de não me mexer.A espera de um telefonema se tece assim de pequeníssimas interdições, ao infinito, até o inconfessável: não me permito sair do cômodo, ir ao banheiro, nem mesmo telefonar(para não ocupar o aparelho); sofro quando me telefonam(pela mesma razão); "Estarei enamorado? -Claro que sim, já que espero". O outro, este nunca espera.Às vezes, quero bancar aquele que não espera; tento me ocupar com outra coisa, chegar atrasado, mas nesse jogo, sempre perco; faça o que fizer, acabo sempre ocioso, pontual, adianado mesmo.A identidade fatal do amante nada mais é que: sou aquele que espera.
(Na trasferência, espera-se sempre-na sala do médico, do professor, do analista.Mais do que isso:se espero num guichê de banco.Podemos dizer que, em toda parte onde há espera, há transferência: dependo de uma presença que se divide e que demora a se dar-como se se tratasse de arrefecer meu desejo, de alquebrar minha necessidade.Fazer esperar: prerrogativa constante de todo poder, "passatempo milenar da humanidade".
Belo texto de Roland Barthes sobre espera. Pode ser encontrado em Fragmentos de um discurso amoroso. Bjos!!!
Ain que coisa...ja me peguei na posição daquele que espera. ¬¬'
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